terça-feira, 18 de novembro de 2014

Diário da Região e o dever de sinceridade com o público

Texto: Ana Isabel Passos, 
Ester Muniz, João Pedro Ramalho, 
Rodolfo Rodrigo e Vanessa Gonzaga. 

         Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, Capítulo II, Art. 6º inciso IX: “É dever do jornalista: respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas”. A partir das resoluções desse Código, perguntamos ao Diário da Região: Onde estão as assinaturas das matérias?
    Analisando as edições de terça (04), quarta (05) e sexta (07) do mês de novembro, do Diário da Região, constatamos que não há créditos de textos na maioria das matérias publicadas nas edições. Somente a quebra desse aspecto do Código já chama a atenção, pois deixa de valorizar o trabalho dos profissionais do veículo. O desrespeito à propriedade, seja material ou intelectual, não acontece somente no jornalismo, mas também em casos de roubo ou plágio de produções acadêmicas, artísticas  etc.
     Uma das respostas para a falta de assinaturas e créditos reside no fato de algumas notícias terem sido extraídas integralmente de outros veículos de comunicação, ressalvando apenas as atualizações de data. Citaremos agora matérias recolhidas de cada uma das edições analisadas.
    A matéria intitulada “SAAE recupera pavimentação das vias executou serviços” publicada no dia 07 de novembro na página 5 foi retirada do site da prefeitura da cidade de Juazeiro, que foi publicada no dia anterior. Segue o link da matéria, que foi assinada por Luzete Nobre: http://www2.juazeiro.ba.gov.br/saae-recupera-pavimentacao-das-vias-onde-executou-servicos.

     Já na editoria de Esportes, a matéria principal, “Justiça nega pedido e goleiro Bruno não pode voltar a jogar futebol”, publicada no dia 05 de novembro, foi copiada do portal G1, assinada por Michelly Oda e publicada no dia anterior no seguinte endereço: http://g1.globo.com/mg/grande-minas/noticia/2014/11/justica-nega-pedido-e-goleiro-bruno-nao-pode-voltar-jogar-futebol.html.

    A manchete do dia 04 de novembro, “Gestão Isaac Carvalho é pautada pela valorização dos servidores municipais” também foi copiada do site da prefeitura de Juazeiro,  que havia publicado no dia 03 de novembro e assinado por Irislane Pacheco no seguinte link: http://www2.juazeiro.ba.gov.br/gestao-isaac-carvalho-e-pautada-pela-valorizacao-dos-servidores-municipais.

        Com relação à última matéria, há ainda mais a se destacar. A publicação original foi feita pela Assessoria de Comunicação, que não tem a obrigação de apresentar todos as opiniões sobre um determinado fato. Entretanto, o jornal tem. Os releases enviados pelas assessorias devem ser tomados como pautas e então apurados pela equipe do jornal. Isso não foi feito. E para além de a matéria de ter sido copiada, ela foi publicada como manchete principal. Um dos princípios éticos da profissão jornalística é o dever de sinceridade para com seu público, o que inclui apresentar os métodos de produção da notícia. Além de ocultar a autoria a reportagem foi publicado como manchete e  mais parece propaganda política do um texto jornalístico.
        Tentamos contato com a editora-chefe do Diário da Região, Lidiane Souza, que não quis nos conceder entrevista por telefone, solicitando que fôssemos a sede do jornal. Entretanto, como precisávamos terminar esse texto hoje, ela nos pediu que ligássemos vinte minutos depois do horário em que a primeira ligação foi feita. Porém, quando realizamos o novo contato, ela já não se encontrava no jornal. Esse espaço está aberto para comentários da editora. 


Um comentário:

Andrea disse...

Pessoal, a análise crítica da cobertura é interessante, pois ressalta uma das questões principais da cobertura do Diário: a reprodução de releases e a falta de crédito nas matérias, o que leva o leitor a não "confiar" integralmente na informação veiculada. Contudo, avalie o título do artigo postado por vocês. O Diário da Região e a sinceridade com o público não parece o título mais aplicado e/ou preciso ao conteúdo. Na matéria vocês se referem ao "dever da sinceridade" como uma regra a ser cumprida. Dessa forma, penso que seja mais aplicado colocar no título aspas ou colocar "dever de sinceridade" que não é cumprido. Repensem o título, isso é muito importante na escrita jornalista. Andréa Cristiana (jornalista e professora DCH III)