terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Expositorial

Texto: Ana Isabel Passos, 
João Pedro Ramalho, Ester Muniz, 
Rodolfo Rodrigo, Vanessa Gonzaga

O Editorial é um gênero jornalístico através do qual, nas revistas, jornais impressos e afins, podemos ver a opinião da empresa. Caracteriza-se por ser um texto argumentativo, de linguagem clara e precisa, em que o veículo tornará pública a sua opinião a respeito de um determinado assunto, geralmente polêmico. Ao analisarmos dois dos editoriais do jornal Diário da Região, constatamos que estes, assim como as notícias, são quase totalmente constituídos de plágio.
Entre as infrações e sanções disciplinares encontradas nas Contribuições para subsidiar elaboração de substitutivo aos projetos de lei que criam a Ordem dos Jornalistas do Brasil (OJB) e o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), está o inciso IV do Art.28: “assinar matéria ou apresentar-se como responsável por publicação, jornal falado ou televisionado, sem ser o seu verdadeiro autor ou sem ter dado a sua contribuição efetiva e profissional.”
Na terça feira, 18 de novembro, o jornal veiculou um editorial com o seguinte título “Escravidão no Brasil”. O texto traz informações extraídas do site Agência Brasil, do Portal EBC (http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-11/no-brasil-situacao-analoga-escravidao-atinge-1553-mil-pessoas), sendo alguns parágrafos retirados na íntegra e outros tendo apenas as datas atualizadas.
O editorial traz ainda a seguinte informação: “Cabendo ao Brasil o título de um dos líderes mundiais no combate à escravidão. A lista suja e os grupos móveis de combate ao trabalho escravo são muito importantes e nenhum outro país tem medidas como essa”. Esta, no texto original, é uma citação de um dos autores do relatório Índice de Escravidão Global 2014, Kevin Bales e foi adaptada para o editorial e trazida como uma aparente opinião do jornal.
Na sexta feira, 14 de novembro, o tema do editorial era a Lei sobre drogas, sendo esse o título. O primeiro parágrafo é totalmente transcrito também do site Agência Brasil: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-11/secretario-nao-cre-em-solucoes-caseiras-avesso-vetos-internacionais-drogas#.
No segundo parágrafo está escrita a seguinte afirmação: “Segundo o mesmo, enquanto não houver mudança no cenário internacional, não acredito que o Brasil venha a adotar qualquer solução caseira isso durante a região ordinária do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad) em que foi discutido o uso medicinal do canabidiol e o enquadramento da substância à legislação brasileira.”
Essa era uma citação que, assim como no outro editorial, foi ajustada, dando a ideia de que a informação era realmente do jornal. Em uma melhor observação desse trecho, são perceptíveis erros de ortografia que pressupõem que o texto foi transcrito sem muita atenção. Além dessa fala, há pelo menos mais duas frases que foram extraídas de falas de fontes e colocadas no texto de forma que parecem ser de autoria do jornal.
Ao fim do editorial há a declaração de que “esta é uma discussão longa que deve ser bem pensada” e a provável opinião do jornal surge na última frase: “uma coisa é usar a maconha de forma medicinal e outra é legalizar para quem tiver interesse sem restrição.” Frase que fica solta no texto, já que o editorial não definiu claramente o que seria, para a empresa, o uso medicinal e o “interesse sem restrição” que mencionou.
Em seu livro “Ética da Informação”, Daniel Cornu afirma que “o jornalista é responsável – junto ao seu público e à opinião pública em geral” (CORNU, 1998 p.49). O público procura o jornal como uma das fontes que o ajudarão a formar sua opinião. Quando essa opinião se transforma em simples informação, já é um grande erro. E a situação piora quando se descobre que nem mesmo as informações são de autoria do veículo, que deveria, através de textos como editoriais, se mostrar confiável aos olhos de seus leitores.
Com isso notamos, portanto, que o posicionamento do veículo de comunicação com relação às questões sociais é uma necessidade para a sociedade. Infelizmente, percebemos que os editoriais do Diário representam uma compilação de outras pesquisas. O que se espera, então, é que isso mude, para que o público que se dirija às bancas buscando uma fonte de informação e opinião confiáveis tenha consciência do que pensa o jornal que está levando para casa.


Blog do Geraldo José: Mais uma vez o descaso com a pessoa humana

Texto: Bruno Rosa, Gislane Oliveira,
Ilana Santos, Neucimeire Souza,
Patrícia Barbosa, Tarcilla Félix.
  
Mais uma vez o Blog do Geraldo José expõe a imagem de outrem de forma indevida. A matéria intitulada “Homicídio no bairro Alto da Maravilha na manhã dessa terça-feira (18)”, publicada às 9 horas, vem ilustrada com uma foto, sem crédito, em que a vítima se encontra no chão, ensanguentada e com sua identidade revelada. Eles esconderam o ferimento, mas expuseram o rosto da vítima. Dessa forma, uma dúvida surge, se fosse uma pessoa oriunda dos extratos mais abastados da sociedade local ela teria esse mesmo tratamento?
De acordo com a Constituição Brasileira no artigo 5º inciso X - “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. E ainda, segundo o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, Art. 13, “o jornalista deve evitar a divulgação de fatos de caráter mórbido e contrários aos valores humanos”.
Entretanto, além da foto que expõe o sofrimento alheio, o texto que a precede (exposto abaixo) de apenas um parágrafo, é bastante questionável.
“Já repercute nas redes sociais em Juazeiro a informação do assassinato na manhã desta terça-feira (18) de um comerciante no bairro Alto da Maravilha. A vítima que é proprietária de uma loja de pintura na rua da Sote, no mesmo bairro, foi alvejado por vários disparos de arma de fogo por dois elementos que estavam numa moto e acabou falecendo no local. A polícia ainda não tem informações sobre a identidade dos elementos ou identificação da moto”.
Diante dessas informações, a redação revela como fonte apenas a polícia. Seria interessante, como forma de complementar a notícia, ouvir um familiar, um vizinho ou alguém que tenha presenciado o crime, por exemplo. A consequência dessa falta de fonte é perceptível pelo fato de a vítima não possuir nome, é apenas “um comerciante no bairro Alto da Maravilha”. Sobre o tratamento das fontes o Código de ética dos Jornalistas Brasileiros prega sobre a conduta profissional dos jornalistas:

 Art. 7o - O compromisso fundamental do jornalista 
é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta 
pela precisa apuração dos acontecimentos e sua 
correta divulgação.

O texto ainda utiliza a palavra "elemento" para se referir aos supostos criminosos, um jargão policial bastante condenado pelos manuais de redação jornalísticos. Segundo o Manual de redação da Folha de São Paulo, não se deve utilizar essa palavra para designar uma pessoa, pois, entende-se por elemento uma substância química composta de átomos de um mesmo número atômico.

REFERÊNCIAS
BLOG GERALDO JOSÉ. Disponível em: http://www.geraldojose.com.br/index.php? sessao=noticia&cod_noticia=57321 .Acesso em: 23/11/14.
Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.
MANUAL DE REDAÇÃO FOLHA DE SP. Disponível em: http://www.acmcomunicacao.com.br/wp-content/midias/Manual-de-Redacao-Folha-de-SP.pdf. Acesso: 02/12/2014