Texto: Ana Isabel
Passos,
João Pedro
Ramalho, Ester Muniz,
Rodolfo Rodrigo, Vanessa Gonzaga
O Editorial é um gênero
jornalístico através do qual, nas revistas, jornais impressos e afins, podemos
ver a opinião da empresa. Caracteriza-se por ser um texto argumentativo, de
linguagem clara e precisa, em que o veículo tornará pública a sua opinião a
respeito de um determinado assunto, geralmente polêmico. Ao analisarmos dois
dos editoriais do jornal Diário da Região, constatamos que estes, assim como as
notícias, são quase totalmente constituídos de plágio.
Entre as infrações e sanções disciplinares encontradas nas
Contribuições para subsidiar elaboração de substitutivo aos projetos de lei que
criam a Ordem dos Jornalistas do Brasil (OJB) e o Conselho Federal de
Jornalismo (CFJ), está o inciso IV do Art.28: “assinar matéria ou apresentar-se
como responsável por publicação, jornal falado ou televisionado, sem ser o seu
verdadeiro autor ou sem ter dado a sua contribuição efetiva e profissional.”
Na terça feira, 18 de
novembro, o jornal veiculou um editorial com o seguinte título “Escravidão no
Brasil”. O texto traz informações extraídas do site Agência Brasil, do Portal
EBC (http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-11/no-brasil-situacao-analoga-escravidao-atinge-1553-mil-pessoas), sendo alguns parágrafos retirados na íntegra e outros
tendo apenas as datas atualizadas.
O editorial traz ainda a
seguinte informação: “Cabendo ao Brasil o título de um dos líderes mundiais no
combate à escravidão. A lista suja e os grupos móveis de combate ao trabalho
escravo são muito importantes e nenhum outro país tem medidas como essa”. Esta,
no texto original, é uma citação de um dos autores do relatório Índice de
Escravidão Global 2014, Kevin Bales e foi adaptada para o editorial e trazida
como uma aparente opinião do jornal.
Na sexta feira, 14 de
novembro, o tema do editorial era a Lei sobre drogas, sendo esse o título. O
primeiro parágrafo é totalmente transcrito também do site Agência Brasil: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-11/secretario-nao-cre-em-solucoes-caseiras-avesso-vetos-internacionais-drogas#.
No segundo parágrafo está
escrita a seguinte afirmação: “Segundo o mesmo, enquanto não houver mudança no
cenário internacional, não acredito que o Brasil venha a adotar qualquer
solução caseira isso durante a região ordinária do Conselho Nacional de
Políticas Sobre Drogas (Conad) em que foi discutido o uso medicinal do
canabidiol e o enquadramento da substância à legislação brasileira.”
Essa era uma citação que,
assim como no outro editorial, foi ajustada, dando a ideia de que a informação
era realmente do jornal. Em uma melhor observação desse trecho, são
perceptíveis erros de ortografia que pressupõem que o texto foi transcrito sem
muita atenção. Além dessa fala, há pelo menos mais duas frases que foram
extraídas de falas de fontes e colocadas no texto de forma que parecem ser de
autoria do jornal.
Ao fim do editorial há a declaração de que “esta é uma discussão longa que deve
ser bem pensada” e a provável opinião do jornal surge na última frase: “uma
coisa é usar a maconha de forma medicinal e outra é legalizar para quem tiver
interesse sem restrição.” Frase que fica solta no texto, já que o editorial não
definiu claramente o que seria, para a empresa, o uso medicinal e o “interesse
sem restrição” que mencionou.
Em seu livro “Ética da
Informação”, Daniel Cornu afirma que “o jornalista é responsável – junto ao seu
público e à opinião pública em geral” (CORNU, 1998 p.49). O público procura o
jornal como uma das fontes que o ajudarão a formar sua opinião. Quando essa
opinião se transforma em simples informação, já é um grande erro. E a situação
piora quando se descobre que nem mesmo as informações são de autoria do
veículo, que deveria, através de textos como editoriais, se mostrar confiável
aos olhos de seus leitores.
Com isso notamos, portanto,
que o posicionamento do veículo de comunicação com relação às questões sociais
é uma necessidade para a sociedade. Infelizmente, percebemos que os editoriais
do Diário representam uma compilação
de outras pesquisas. O que se espera, então, é que isso mude, para que o
público que se dirija às bancas buscando uma fonte de informação e opinião confiáveis tenha consciência do que pensa o jornal que está levando para casa.